sábado, 30 de maio de 2009

Na cama

Erótico. Na concepção de Gláuber Rocha poderia ser pornográfico. É claro que hoje em dia, filmes assim são mais facilmente exibidos em cinemas e festivais. Matías Bize, um diretor chileno. Voltamos ao sul da América. Ao cinema sul-americano novamente. Mas dessa vez, não é o cinema argentino, nem o brasileiro.
E Matías provou como o Chile pode ser forte no cinema. Um jovem diretor. Dois jovens personagens. Uma nova era no cinema. Um enredo que se passa somente em um quarto de um motel. A filmagem é feita somente ali. Naquele quarto com aquela cama. A cama que serve de base pras questões debatidas entre uma transa e outra. Sim, pois uma cama de motel é isso. Às vezes nem ouve muita coisa. Somente alguns gemidos. Na ocasião do longa, ela ouve bastante. Além de muitos gemidos e gritos, claro. O filme começa com a cópula entre as duas únicas pessoas do filme. Que a princíprio não sabemos o nome dos dois, assim como eles não sabem o do outro. Depois ficam sabendo. Não só dos nomes, mas muito do que cada um viveu e o que cada um pensa sobre algum assunto. O macho cria teorias. A fêmea? A prática. Assim o sexo vai e vem e as conversas também. Perguntas saem dos dois, como o esperma sai dele. Em um momento, ele a chama do nome de sua ex-namorada, que tem paranóia por emagrecer. Olha sempre as calorias dos alimentos. A coincidência é que sua parceira atual de cama também faz isso. Lhe explica que um sorvete de amêndoas tem 550 calorias. E que esse é o alimento mais calórico que existe. Ainda diz que o sexo feito 4 vezes gasta o mesmo que se ganha com o sorvete. Em um momento ele acha que a camisinha estourou no meio da transa, pois quando vai ao branheiro tira tal preservativo, vê um rasgo. Diz pra ela isso. Os dois se amedrontam. Acabam até brigando. Mas depois se reconciliam. Uma das teorias dele é sobre o cinema. Acha que a vida anda com os filmes. Conta a história de uma moça que conhecia. Ela só via filmes de ação. Porém um dia, eles foram no cinema e ela quis ver Godard. O motivo? Explicou logo em seguida: tinha voltado com o ex. Após isso eles começam a inventar enredos pra filmes na banheira do motel. Em um dado momento, ele descobre que ela vai casar com quem, ela disse anteriormente, era o seu ex. Ele não acredita em Deus. Pois seu irmão se perdeu, e lembra de tê-lo visto perdido. Ela acredita em Deus. Não em um velhinho com barba, mas em alguma luz com uma força maior. Ele pergunta como Deus pode existir se há guerras. Ela diz que talvez Deus seja só um menino, aprendendo com os erros. No meio da madrugada, os celulares dos dois tocam em diferentes horários. Pra ela, quem liga é uma amiga da festa em que encontra ele. Pra ele, a ex. Ela conta que uma amiga sua foi no motel uma vez e pergutaram se ela queria com vídeo ou sem vídeo. A moça disse que queria o vídeo. Quando entraram no quarto não havia televisão e nem vídeo. Quando saíram, perceberam que o vídeo era deles, pois ela recebeu o mesmo ao sair, como cortesia da casa. Entre gritos e devaneios, o longa se desenrola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Coma uma pipoca e comente